O bebê ou a criança precisa tomar uma vacina? Vai ao médico olhar o ouvido em plena crise de otite? É preciso limpar seu nariz várias vezes ao dia? Quais alternativas temos para acompanhar de forma respeitosa essa criança, que deixa de ser um sujeito passivo nas mãos de adultos e pode, de alguma forma, conhecer e inclusive se envolver no seu próprio cuidado, ainda que não seja a coisa mais agradável do mundo?
Que tal a gente oferecer um marco protetor como adultos, de confiança, honestidade e do simples: “eu estou aqui com você”?
Que a criança se sinta amparada, que sinta que o adulto assume seu papel como tal e avisa: Vai doer, mas estou aqui com você. Tratando esses momentos com palavras suaves, com delicadeza, com PRESENÇA, podemos:
Isso não significa que a criança não vá reclamar, ou chorar, mas vai ajudá-la a se antecipar, a prever o que vai acontecer e se preparar para esse momento difícil, sabendo que tem um adulto ali do lado, sustentando emocionalmente.
Não podemos evitar seu mal-estar, mas podemos sim ajudá-la a se sentir parte do que está acontecendo. Não vamos eliminar o sofrimento ou o medo, mas vamos dar as ferramentas para enfrentá-los. Vamos ajudá-la a enfrentar o desconhecido ou desagradável com capacidade de expressar o que sentem (e que isso se estenda para outras situações na vida).
É necessário tirar da nossa comunicação frases como “não foi nada”, “não vai doer/nem tá doendo”, “não chora”, e outros comentários deste tipo. Ficar repetindo “shhhh...não foi nada” como um mantra só fará a criança se sentir pouco compreendida e que aprenda a negar o que está sentindo. Foi algo sim, claro que dói, e nós, como cuidadores (pais, avós, tios, quem for), não podemos evitar as sensações, sentimentos e emoções. Podemos reconhecer e valorizar o que essa criança comunica e acompanhar com o máximo da nossa presença.