Lendo o texto da @leticiagicovate na @revistatpm pensei em muitos dos textos que li nos últimos dois anos, desde a gravidez. Deliciosos como este, que trazem aquela sensação de alívio, aquele suspiro junto com um: “nossa, que bom que está tudo bem se eu não falar sempre cantando em pentatônico, se o caos também invadir a minha casa (e a minha mente) de vez quando e se _________ (tudo o que você achar que cabe aqui).”
Que importante poder desconstruir essa maternidade perfeita, poder se libertar de pitacos e conselhos de quem sabe criar teu filho melhor que você e ainda te dá todas as soluções, mesmo que você não tenha pedido a opinião.
Estes textos são mais que necessários. No final das contas, essa desconstrução nos permite sermos mais gentis com nós mesmas e com tudo o que é vivo à nossa volta. E, sem dúvida, isso transmite MUITAS MENSAGENS para nossos filhos.
Vamos falar sim (MUITO) sobre o maternar possível de cada dia. Mas que isso não nos deixe inertes em nossa zona de conforto, que essa desconstrução não brigue com nossas possibilidades de crescimento. Que a aceitação da maternidade real, da mulher possível que posso ser agora mesmo, não roube a chance de chegar um pouquinho mais perto da melhor versão de mim mesma.
Desconstruir não quer dizer perder nosso norte de como ser melhores referências para nossas crianças e para nós mesmos.
Porque a zona de conforto seduz. E a zona de crescimento, fica logo ali, a um passinho depois da porta de saída do conforto. Crescer dói, incomoda. Para crianças e para adultos. Então sim, desconstruir a rigidez imposta (por quem? e aceita por quem?!), moderar na autoexigência (e na comparação de como o vizinho educa então, nem se fala) e em julgar o tempo todo o que não está sendo feito ou que deveria ser feito diferente. Não precisamos ressignificar tudo o tempo todo, isso é chato e exaustivo(né, não @robertaferec?).
Mas ser consciente também de onde tem espaço para melhorar e saber que não é sobre a cor da parede, o material do brinquedo ou a música do ambiente.
É sobre aceitar a distância entre intenção e gesto e afinar o olhar para quem está bem aí na tua frente.
Ter filhos sem dúvida é perceber que você tem uma oportunidade. É uma experiência ímpar e sem manual, para romper com velhos hábitos sociais
e buscar tua forma mais autêntica. Com uma aceitação e carinho extremo por não dar conta de tudo sempre, sem perder a direção que a nossa flecha aponta, o desejo e a dedicação para nos aproximar cada vez mais das nossas filhas e filhos e, ao mesmo tempo, de nós mesmas.