O QUE MUDA? SENTAR POR SI SÓ OU SER SENTADO
Vamos continuar com nossas observações:
O que você vê na primeira foto? E na segunda?
O bebê da primeira foto foi colocado sentado. O da segunda não. Conquistou essa postura por si mesmo.
O primeiro tem pouca possibilidade de movimento. Tem a musculatura em tensão pelo esforço para sustentar a postura. Se tirar a mãozinha, provavelmente se desequilibra e cai. Seu brincar fica bem limitado já que ele vai depender do adulto para conseguir agarrar objetos. Não é capaz de sair dela porque não chegou nessa posição sozinho. Está “imobilizado” e essa dependência do adulto para entrar e sair nessa postura ou para pegar brinquedos pode gerar uma irritabilidade e agitação maior.
Se a gente olhasse esse bebe de lado, veríamos sua coluna com uma curvatura em C, seu abdômen (e seus órgãos internos) comprimidos e suas pernas estáticas para dar algo de estabilidade.
O bebê da segunda foto tem outra harmonia em seu movimento. Podemos observar como todo o corpo está ativo, envolvido nesse brincar. Como já domina essa postura, seu equilíbrio e sua maestria para organizar seus movimentos já conquistados permite um brincar mais complexo. Ele já é capaz de escolher o que investigar e como quer brincar.
Sua coluna ereta se apoia sobre os ísquios (os ossinhos do bumbum), suas pernas têm agilidade para assumir diferentes posições, dispõe de mãos livres e habilidosas.
São dois bebês sentados. Mas conseguimos observar pela postura e pela sustentação do corpo qual foi colocado sentado, ou qual chegou lá sozinho. Podemos observar quem tem domínio de seu corpo nesta posição e quem está com seus gestos limitados. Ver o bebê sentado é um dos momentos que mais gera expectativa e ansiedade aos pais e cuidadores. A rota que o corpo físico e que, animicamente, essa criança percorre em seu desenvolvimento motor, extrapola a postura final conquistada, deixando marcas de como se viveu (e se acompanhou) esse processo.
O risco de “ensinar o desenvolvimento motor” é que as conquistas fiquem vazias de sentido e significado para a criança; sem tônus mas com tensão. Você percebe como diferenças sutis podem fazer toda a diferença?



