VÍNCULO SEGURO
Thais Lefcadito • November 9, 2021
A relação de afeto ao sentir-se reconhecido, validado e acolhido é a base para o desenvolvimento do ser humano. Não existe melhor imagem para traduzir este conceito do que “ser colo”, acolher, seja com o toque, com o olhar, com as palavras.
Convidar a criança desde a mais tenra idade a ser um participante ativo nos seus cuidados cotidianos e atividades estabelece um vínculo seguro. A cooperação mútua que ocorre ao trocar fraldas, agasalhar em dias mais frios, comer ou dormir permite à criança sentir-se como um ser bom.
Cada momento de cuidado é uma oportunidade de presença e dedicação e permite o desfrute e o interesse mútuo. Cada descoberta ou desafio no brincar é uma ocasião propícia para se sentir estimado e acompanhado.
Já falei sobre ritmo antes aqui, é um dos temas que mais intriga e guia durante o primeiro setênio.
Qual é o seu ritmo? Como você estabelece um ritmo adequado com bebês? Com crianças mais velhas? Com mais de um filho? Por que ritmo e não rotina?
Por que a gente acompanha as crianças do jeito que a gente faz?
O que muda com as nossas pequenas decisões no dia a dia das crianças?
Aposto um dinheirinho que você também tem a imagem de um bebê começando a caminhar segurando o dedo ou a mão de um adulto. Muitos de nós crescemos assim. Inclusive nos enche de ternura, ver uma mãe ou um avô segurando as duas mãozinhas do bebê.
Como o bebê da primeira foto chegou ali? Sem dúvida com a ajuda de outra pessoa. Uma criança mais velha ou um adulto. Qual parte do seu corpo está realmente ativa? Que domínio ele tem sobre esse balançar? O controle e o protagonismo da brincadeira está na mão de quem balança. A velocidade, a intensidade, o quando parar.
Quantos comportamentos dos teus filhos te tiram o sono, a leveza, o centro, e às vezes até a paz? Sem dúvida a gente já escutou mais de uma vez e em mais de um lugar (seja por profissionais da educação e por aquela sábia tia-avó que já criou mais de dez crianças) que simplesmente são:
O bebê ou a criança precisa tomar uma vacina? Vai ao médico olhar o ouvido em plena crise de otite? É preciso limpar seu nariz várias vezes ao dia? Quais alternativas temos para acompanhar de forma respeitosa essa criança, que deixa de ser um sujeito passivo nas mãos de adultos e pode, de alguma forma, conhecer e inclusive se envolver no seu próprio cuidado, ainda que não seja a coisa mais agradável do mundo?
Estamos falando daquelas pequenas ações de cuidados que podem provocar reações muito desagradáveis. Tomar um xarope ruim para dor de garganta, uma vacina, limpar o nariz com soro fisiológico em um resfriado. Para algumas crianças, limpar a boca após a refeição ou lavar o cabelo no banho gera desconforto.
E já daria para escrever uns 3 e-books sobre o desafio de enfrentar a necessidade de previsibilidade das crianças, os tempos de adaptação, expectativa X realidade, rede de apoio e sobre como lidar com os perrengues e imprevistos com o máximo de leveza possível.
Lendo o texto da @leticiagicovate na @revistatpm pensei em muitos dos textos que li nos últimos dois anos, desde a gravidez. Deliciosos como este, que trazem aquela sensação de alívio, aquele suspiro junto com um: “nossa, que bom que está tudo bem se eu não falar sempre cantando em pentatônico, se o caos também invadir a minha casa (e a minha mente) de vez quando e se _________ (tudo o que você achar que cabe aqui).”
Nos seus primeiros anos, a criança depende bastante do cuidado, do alimento (em seu sentido amplo) e da orientação dada pelo acompanhamento do adulto.